Os últimos anos tem sido bons para o cinema geek. Não tão bom em termos de quantidade, mas com filmes muito bons nos quesitos originalidade, fantasia e harmonia,já que não tivemos a tradicional enxurrada de adaptações de quadrinhos de outros anos. Os critérios são totalmente subjetivos, mas o principal é o filme ter aquela pegada que excita nossos neurônios seja no roteiro, na ambientação ou no humor. Como qualquer lista, esta deixou muita coisa de fora, vai despertar polêmicas, mas essa é a idéia. Vamos a ela:
Uma das mais esperadas adaptações de quadrinhos de todos os tempos tem como trunfo e defeito a mesma coisa: é extremamente fiel ao original. Infelizmente, duas horas e quarenta e dois minutos de filme não são suficientes para dar profundidade aos personagens como os doze gibis de Allan Moore e Dave Gibbons. Nem a Versão do Diretor, com vinte minutos a mais, consegue isso. Mesmo assim, fãs da HQ não podem reclamar. Toda a saga dos anti-heróis está lá, ao vivo e com atores.
Avatar
Um marco na história dos cases de marketing cinematográficos. O filme que viabilizou o cinema 3D e empurrou a indústria de cinema em direção à realidade virtual. Se não fosse por isso e por seu impressionante apuro tecnológico, o filme de James Cameron não entraria em nossa lista. A histórinha chinfrim misturando Rambo com Pocahontas na terra dos Smurfs gigantes e rabudos não convence um verdadeiro geek.
Nem só de batalhas espaciais vive o Geek, O espanhol Alejandro Amenábar, fez um filme histórico (nos dois sentidos) que mistura filosofia, matemática e astronomia, além de boas doses de feminismo e ateísmo. Quer coisa mais Geek do que isso? O filme é baseado na história de Hypatia, uma das poucas mulheres filósofas do mundo antigo e mostra a destruição da biblioteca de Alexandria por hordas de cristãos revoltados. O paralelo entre os atos dos cristãos da época com os muçulmanos de hoje é escancarado. Católicos e protestantes ficaram revoltados com o retrato feito dos seguidores de Jesus, mas o filme até que pega leve, reservando um final mais suave para a filósofa que o relatado por historiadores. Amenábar, como sempre, dirige impecavelmente, mesmo com o filme sendo uma mudança radical em relação a seus trabalhos anteriores.
Sem dúvida, o filme geek mais original da década. Efeitos impecáveis e fusão de CG com atores que bota qualquer Cameron no chinelo. Aliens chegam a Terra, mas em vez de chegar em Washington e pedir para serem levados a nossos líderes, caem em Johanesburgo e são segregados. A metáfora com o Apartheid é óbvia, mas menos explícita que no curta que deu origem ao filme, que utilizava entrevistas reais com sul-africanos reclamando dos negros do Zimbabwe, intercaladas com cenas de aliens em exoesqueletos brigando com a polícia. Dá vontade de imaginar o que teria acontecido se os aliens tivessem pousado em uma favela brasileira. Logo estariam trabalhando de frentista ou vendendo queijo coalho e cerveja na praia. “Ô camarão, traz mais uma geladinha”.
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